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‘Ninguém sabe qual foi a obra relevante que Wanderlei fez’, afirma Irajá Abreu

Senador diz, em entrevista ao Manchete do Tocantins, que o governador não fez “absolutamente nada” até agora no estado

Por: Mavi Oliveira e Rodrigo Daniel Silva

24/02/202508h53Atualizado

Crítico da gestão do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), o senador Irajá Abreu (PSD) falou, em entrevista ao Manchete do Tocantins, sobre o desempenho do governo estadual e apontou a ausência de grandes obras ou projetos estruturantes no estado.

“Se formos analisar as ações em todas as áreas – saúde, educação, segurança, assistência social e demais setores essenciais –, não há absolutamente nada, nem nas grandes cidades e muito menos no interior do Tocantins, que o governo possa apresentar ao estado”, afirmou.

Além das críticas, o senador falou sobre os desafios econômicos do estado. Disse que há um potencial ainda pouco explorado do turismo e da produção de energia renovável. Irajá Abreu também comentou a respeito do seu futuro político, a possibilidade de reeleição em 2026 e a fusão entre PSD e PSDB.

No cenário nacional, ele avaliou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a queda de popularidade do presidente da República e as perspectivas econômicas para os próximos anos. Relator do projeto que regulamenta os cassinos no Brasil, o parlamentar defendeu que a proposta trará benefícios econômicos ao país. 

Senador Irajá Abreu | Foto: Edilson Rodrigues | Agência Senado

Senador Irajá Abreu | Foto: Edilson Rodrigues | Agência Senado


Confira a entrevista na íntegra.

O senhor tem sido um crítico do governo do Wanderlei Barbosa. Como avalia a gestão dele até aqui?

Nós já estamos aí na metade do governo. Já se passaram dois anos e, agora, contabilizando mais um ano desde que ele assumiu o governo do ex-governador Carlesse, na verdade, já são três anos, não é? Infelizmente, o que eu acredito – e o Tocantins inteiro também – é que ninguém sabe qual foi a obra realmente impactante ou relevante que o governo entregou depois de três anos. Já foi tempo suficiente para que o governo pudesse apresentar algum projeto relevante ao estado. Isso eu desconheço (alguma obra relevante). Então, se formos analisar as ações em todas as áreas – saúde, educação, segurança, assistência social e demais setores essenciais –, não há absolutamente nada, nem nas grandes cidades e muito menos no interior do Tocantins, que o governo possa apresentar ao estado.

Muito pelo contrário. O que vemos hoje nos veículos de comunicação – jornais, mídia impressa e redes sociais – infelizmente, é uma pauta de corrupção: desvio de cestas básicas, superfaturamento, caos na saúde, irregularidades na contratação de ambulâncias e leitos de hospitais, fraudes em UTIs. Enfim, o assunto recorrente no estado continua sendo o desvio de dinheiro público, que, infelizmente, está indo todo para o ralo. Isso é muito triste, porque, obviamente, todos nós queríamos ver uma pauta positiva para o Tocantins. Mas não é o que temos acompanhado.

Quais são os maiores desafios do Tocantins hoje?

Na minha visão, o Tocantins tem três grandes vocações econômicas. A produção de alimentos, que talvez seja a principal atividade econômica do estado; a pecuária, que é pujante; e a produção de energia renovável, um segmento que o Tocantins é vocacionado.

E nós temos uma grande indústria, que ainda está adormecida no Tocantins, que é o turismo. Nós temos belezas únicas e singulares no estado, como o Jalapão, o Cantão, a Ilha do Bananal, além de diversos pontos turísticos na região sudeste e no Bico do Papagaio. Nesse aspecto, fomos muito agraciados por Deus.

Infelizmente, a gente não tem uma política pública liderada pelo governo estadual que estimule esse segmento, com geração de emprego e renda, qualificação profissional ou atração de turistas de outros estados e até mesmo de outros países. Nossos empreendedores do setor turístico estão completamente órfãos, abandonados à própria sorte pelo estado.

Precisamos de um planejamento estratégico para o turismo tocantinense, considerando este setor como uma vocação do estado e uma grande indústria geradora de emprego e renda. Afinal, essa cadeia é enorme. O Tocantins, que hoje ocupa uma posição distante em termos de PIB em relação a outros estados, poderia estar muito mais bem posicionado se houvesse uma política estadual voltada à geração de emprego, renda e fortalecimento do ambiente de negócios.

O senhor pretende disputar a reeleição em 2026?

Eu já estou praticamente há 15 anos servindo o Tocantins no Congresso Nacional. Já cumpri dois mandatos de deputado federal. Isso me honrou muito essa chance de poder estar atendendo e ajudando o Tocantins, os municípios, com obras em todos os 139 municípios do estado. Foi graças ao mandato e a confiança dos tocantinenses isso foi possível. Então, (fizemos), ao menos uma obra, em cada cidade do estado. Agora, no Senado Federal, já estamos completando seis anos. É evidente que o projeto majoritário, como é o mandato de senador da República, em primeiríssimo lugar, deixamos a vontade de Deus sobre estar aqui servindo o estado. É um trabalho muito honroso. Segundo, a gente ainda precisa trabalhar muito para poder merecer a confiança novamente dos tocantinenses e colocar novamente meu nome à disposição na eleição de 2026. Se estiver merecendo essa recondução, continuaremos trabalhando para o estado. É claro que, se depender de mim, eu pretendo continuar trabalhando e servindo o Tocantins aqui no Senado. Mas a gente tem que combinar com o eleitor.

Tem pretensão de ser candidato a governador no próximo ano?

Não. É claro que quem está exercendo um cargo público ou um cargo eletivo, sonha um dia ou ser um gestor da sua cidade ou mesmo ser um governador do seu estado. Quem não sonharia com uma posição tão honrosa? Mas no momento, na eleição de 2026, esse projeto, ele não está realmente no meu radar. O meu objetivo, a minha vontade é continuar servindo o Tocantins no Senado Federal.

Quem pretende apoiar para o governo do estado?

Eu pretendo apoiar o melhor nome possível. O estado há quase 20 anos tem governos estaduais que não concluem, não terminam. Isso não está certo. Não é saudável. E esse ciclo nocivo já está completando quase 20 anos. Então, o que eu torço e o que depender de mim, nas eleições de 2026, é que possa entrar uma pessoa, seja uma mulher ou seja um homem, que esteja preparada para altura desse cargo, que é o mais importante dentro do estado. E que essa pessoa possa encerrar o ciclo nocivo e que possamos começar um ciclo virtuoso no estado, onde um governante assuma o mandato, termine o mandato.

A ex-senadora Kátia Abreu será candidata a algum cargo em 2026?

Eu não posso responder essa pergunta por ela. É uma questão muito pessoal, é de cada um desejar uma candidatura. Mas eu acho que o mais apropriado é que ela mesmo pudesse responder à pergunta. Eu posso te afirmar que ela está muito bem, que está se dedicando aos projetos pessoais, empresariais. Ela está muito animada.

Como avalia o governo Lula? Pesquisas têm demonstrado uma queda na popularidade do presidente da República. 

Uma pesquisa de opinião pública é sempre uma fotografia do momento da opinião pública, e isso muda muito. Se você faz a pesquisa no mês de fevereiro, ela demonstra uns indicadores. Aí você faz a mesma pesquisa no mês de março, a fotografia é outra. Então, você não pode julgar um governo, o conjunto da ópera, por uma pesquisa. Uma coisa que me deixou muito animado para o ano que iniciou agora, em 2025, é que há uma agenda econômica muito intensa, aprovando vários projetos estratégicos para a economia brasileira. Esses projetos vão iniciar agora em 2025. A gente vê os indicadores que estão muito favoráveis. Somos a oitava economia do mundo e estamos no caminho certo para crescermos ainda mais. Eu acho que os programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, Luz Pra Todos, além dos programas já consolidados como o Bolsa Família, entre outros, eu acho que eles vão expandir. Então, a minha perspectiva para os próximos anos é animadora.

O senhor defende que o PSD tenha candidato à Presidência em 2026? Ou que o PSD apoie um candidato de outro partido?

Sempre costumo dizer que candidaturas a presidência da República não são projetos, são destinos. Você pode observar que o próprio presidente Lula é um exemplo disso. Quem poderia imaginar que um nordestino, uma pessoa simples, poderia alcançar o cargo mais honroso do país. O ex-presidente Bolsonaro foi deputado federal por tantos mandatos, inclusive convivi com ele na Câmara por vários anos, ninguém poderia sonhar que ele se tornaria presidente da República. Então, não é só você estar preparado para o cargo. Tem circunstâncias te levam a isso. Se o partido vai ter candidato ou não, eu não posso te afirmar, eu só posso garantir que o PSD tem grandes quadros, grandes políticos. O nosso presidente Gilberto Kassab é uma das mentes brilhantes do país na política. Nós (o PSD) temos grandes governadores, grandes parlamentares na Câmara, no Senado Federal, grandes lideranças nacionais. Acho que temos quadros, inclusive para postular um cargo de presidente da República.

Como vê a possibilidade de fusão entre PSD e o PSDB?

Eu acho que se isso ocorrer, e tem grandes chances, vai agregar para ambos os partidos. Tanto para o nosso partido quanto para o PSDB, que tem grandes líderes também. São partidos que têm princípios de muita convergência.

Há uma proposta para reduzir a idade mínima para senador e presidente da República tramitando no Congresso Nacional. O que pensa sobre esse projeto? 

Confesso que eu não conheço essa proposta. Não tenho noção desse projeto. Mas, eu acho que idade não é documento, nunca foi, não é? Então, se a pessoa tem maturidade, se a pessoa tem experiência, se a pessoa tem competência necessária para exercer a função, não é a idade que vai ser a régua. Eu acho que os eleitores vão saber escolher seus representantes. Acho que é uma discussão muito interessante.

O senhor é relator do PL dos cassinos, por que essa matéria ainda não foi votada no plenário do Senado?

Eu acho que o projeto está pronto. Está maduro para ser discutido e votado no plenário. A minha expectativa é que isso aconteça logo que seja possível. Vai ser um projeto fantástico para o país, para a nossa economia, para a geração de emprego, renda, impostos. Vamos afastar grande parte do jogo de azar, da clandestinidade, da criminalidade que existe hoje no país, e vamos poder ter empresas que são autorizadas pelo poder público a operar nesse segmento. Essas empresas vão ser fiscalizadas, vão ser monitoraras para ter o controle. E acho que quem vai ganhar muito com isso serão os brasileiros e os turistas.

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