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O ataque às instituições democráticas não é uma liberdade de expressão, mas sim um ataque

Por: Marco Túlio Câmara

02/09/202515h57Atualizado

Começou nesta terça-feira (2) um julgamento inédito na considerada recém-democracia brasileira: um ex-presidente, juntamente com alguns de seus aliados, no banco dos réus. O motivo soa até contraditório: o atentado à democracia.

É preciso que se nomeie. O golpe tentado já é golpe. O ataque às instituições democráticas não é uma liberdade de expressão, mas sim um ataque. E um ataque ao país que bradam amar, defender e priorizar.

A essa altura do campeonato, imagino que você, leitor deste artigo, já tenha escolhido um “lado”. Porque parece ser isso mesmo: doce x salgado, mandioca x macaxeira, Fla x Flu, esquerda x direita. Mas é fundamental defender que, neste caso, não se trata de lado político-partidário, tampouco ideológico como se costuma dizer por aí, no sentido mais simplista do termo. Mas, sim, da democracia enquanto soberana, que garante, vejam só, a famigerada liberdade que tanto reclamam para si na defesa dos crimes cometidos.

Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil

Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil


O que está em jogo não é somente o espectro partidário ou a defesa (ou acusação) de político X em detrimento de político Y. O que está em jogo é se reconhecemos e valorizamos aquilo que lutamos tanto para construir: liberdade e independência. O exercício da democracia, na prática, é exatamente o exercício da liberdade. Para ser livre, temos que respeitar a liberdade do outro. Mas, principalmente em sociedade, aceitar o que vem do outro.

Poderia aqui discorrer sobre o individualismo, o acolhimento e o respeito às escolhas, mas vamos ao nível macro: a escolha daquilo que nos representa. Poder acompanhar o que se faz com o nosso dinheiro. Perceber que a justiça existe. Saber que, quando se comete um crime, será punido. Colocar uma nação a serviço da população, e não a população à mercê de um sobrenome qualquer.

É isso que está em jogo.

Nossa liberdade, nosso país, nossos direitos. O que queremos deixar de legado, o que acreditamos ser fundamental para se construir na coletividade, o “espírito esportivo” de alguém (ou alguns) que se diz tão do esporte.

Está em jogo, mas não pode ser um jogo. Porque a liberdade e a inocência de uns poucos podem nos custar caro enquanto sociedade, enquanto nação. Pode nos custar a nossa liberdade.

Marco Túlio Câmara é jornalista, escreve quinzenalmente neste espaço. Também é professor do curso de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade da UFT. Doutor em Linguística Aplicada pela Unicamp, é autor de “Entrelinhas” e dos livros “Gestão de Conteúdo para Mídias Sociais” e “Planejamento Integrado de Comunicação”.

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