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Adeus, papa Francisco: um legado de acolhimento e esperança

Acredito - e rezo - para que o próximo papa caminhe pelos mesmos trilhos deixados por Francisco

Por: Julienne Silveira*

02/05/202509h41

A morte do papa Francisco ainda reverbera em meu coração. Na semana de sua partida, minha rotina perdeu o brilho. O trabalho não rendeu, os sorrisos desapareceram e a sensação era a de ter perdido um parente próximo. Sua ausência deixou um vazio difícil de explicar, mas reconforta ver que sua partida uniu pessoas de diferentes crenças e religiões. Francisco foi um exemplo de bondade traduzida em gestos concretos e palavras inspiradas pelo Evangelho.

Entre tantos momentos marcantes de seu pontificado, uma frase ecoará para sempre na minha memória: “Quem sou eu para julgar?” A resposta foi dada à jornalista Ilze Scamparini, da TV Globo, durante uma viagem de volta do Brasil para Roma, ao ser questionado sobre os fiéis homossexuais. Essa simples, mas poderosa frase, abriu as portas da Igreja Católica para um debate necessário e urgente. Em 2023, esse gesto culminou em um documento que autorizou a concessão de bênçãos a casais homoafetivos - um passo importante na aproximação da comunidade LGBTQIAP+ da Igreja.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação


Francisco acreditava na simplicidade. Valorizava o bem comum, preocupava-se com as crianças, com os idosos e também com as pessoas marginalizadas. Não hesitava em manter abrigos para mulheres trans vítimas de violência. Tinha um olhar acolhedor e esperançoso. Era o papa da escuta, do diálogo, da tentativa incansável de promover a paz. Buscou, mesmo em seus últimos anos, intermediar o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia. Partiu, infelizmente, sem ver a paz tão sonhada.

Desde então, o mundo parece mais difícil, como um inverno escuro e triste. Tento afastar esse pensamento, mas me perco entre lágrimas e orações. Ainda assim, acredito - e rezo - para que o próximo papa caminhe pelos mesmos trilhos deixados por Francisco, e que a sua herança de empatia, diálogo e compaixão continue a transformar o mundo. Como disse minha amiga, Carolyne Silva, evangélica, em um abraço no corredor do trabalho:  “Professora, não são só os católicos que estão sofrendo”.

Papa Francisco nos ensinou que a fé não deve separar, mas somar. Que as religiões, quando guiadas pelo amor, são pontes - não muros. Obrigada, querido papa, por abrir os olhos e os corações de tantas pessoas. Que seu legado permaneça vivo entre nós.

Julienne Silveira é mestra em Letras pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e graduada na mesma área pela UFT. Ela escreve quinzenalmente neste espaço. Atualmente, coordena a Escola de Extensão vinculada à Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (Proex) da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins).

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