Justiça nega prisão domiciliar a Karol Digital, acusada de esquema milionário
Defesa alegou problemas de saúde e dependência da filha, mas pedido de prisão domiciliar foi rejeitado.
Por: Maria Rita Silva Sena
05/09/2025 • 09h30
A Justiça do Tocantins negou, em segunda instância, o pedido de prisão domiciliar feito pela defesa da influenciadora Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, e do namorado dela, Dhemerson Rezende Costa. O casal é investigado por envolvimento em um esquema de exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular.

Foto: Reprodução Instagram Karol Digital/Divulgação Polícia Civil
Karol e Dhemerson foram presos em 22 de agosto, em Araguaína, durante a Operação FRAUS, conduzida pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) e pela 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (DEIC), com apoio do Ministério da Justiça e da Adapec.
Segundo as investigações, a influenciadora movimentou mais de R$ 217 milhões entre 2019 e 2024 em contas bancárias ligadas a ela. Durante a operação, a Polícia Civil apreendeu sete veículos de luxo avaliados em R$ 5,5 milhões, entre eles uma McLaren de R$ 3,1 milhões e um Porsche de R$ 979 mil.
Também foram sequestrados sete imóveis, sendo seis em Araguaína e um em Babaçulândia, além de uma fazenda com 248 bovinos e cavalos de raça avaliada em R$ 8 milhões, em Palmeirante. Os investigadores apontam que Karol teria transferido bens para empresas em seu nome como forma de ocultar patrimônio.
Na decisão publicada nesta terça-feira (2), a desembargadora Etelvina Maria Sampaio Felipe manteve a determinação de primeira instância e destacou que os supostos crimes eram praticados dentro da própria casa da influenciadora.
“O pleito estabelecido na maternidade foi indeferido em razão das peculiaridades do caso, notadamente o fato de que as atividades ilícitas, em tese, eram desenvolvidas no ambiente doméstico, com a suposta instrumentalização da imagem da criança em redes sociais, o que afastaria a aplicação automática do precedente firmado no Coletivo HC [habeas corpus]”.
A defesa havia alegado que Karol realizou uma cirurgia pouco antes da prisão e que sua saúde estaria comprometida no ambiente carcerário. Também citou a filha de seis anos da investigada, que dependeria diretamente dos cuidados da mãe.
Diante desse pedido, o tribunal determinou a realização de uma perícia médica oficial para avaliar a gravidade do quadro clínico e verificar se há impossibilidade de tratamento no presídio antes de qualquer alteração no regime de prisão.
As investigações apontam ainda que Karol usava as redes sociais para divulgar supostos ganhos em apostas, mas, na prática, recebia pagamentos de plataformas de jogos para enganar seguidores. Muitas vítimas relataram prejuízos financeiros após seguirem dicas e mentorias oferecidas pela influenciadora.