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Júnior Geo sobre desvios na pandemia: 'É um assassinato que não é com arma'

Deputado estadual defendeu punição aos envolvidos em esquema de desvio de cestas básicas

Por: Mavi Oliveira

13/10/202506h18Atualizado

O Tocantins vive um momento de instabilidade política desde o afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), o que tem gerado incertezas sobre o futuro do estado. 

A “Operação Fames-19”, responsável pelo afastamento de Wanderlei Barbosa, completou um mês no último dia 3 de outubro. A investigação apura o desvio de recursos públicos destinados ao fornecimento de cestas básicas durante a pandemia.

Esse cenário turbulento da política tocantinense foi analisado pelo deputado estadual Júnior Geo (PSDB) em entrevista ao Manchete do Tocantins. Na conversa, o parlamentar comentou a crise política, avaliou as condições do sistema prisional e adiantou seus planos para as eleições de 2026.

Confira a entrevista na íntegra: 

Foto: Talita Gregório | Aleto

Foto: Talita Gregório | Aleto


Como analisa o afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa?

Vejo como natural. Se existem fortes indícios de crimes cometidos - a exemplo do que ocorreu com as cestas básicas durante a pandemia - isso vem se desdobrando em situações de igual ou até maior gravidade dentro da própria gestão, é preciso apurar. O crime se foi cometido tem que ser penalizado.

O governador em exercício alega que não era governador na época. Só que a Secretaria de Assistência Social era a indicação dele. As pessoas que estavam diretamente envolvidas, fazendo as falcatruas com as cestas básicas, eram pessoas indicadas por ele. Tanto que isso foi comprovado, e os indícios fizeram com que a Polícia Federal promovesse as operações e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) o afastamento. 

Como avalia o caso do desvio de recursos das cestas básicas no qual o Vanderlei Barbosa é investigado? 

Olha, quem rouba cesta básica em período de pandemia é, para mim, o cúmulo do absurdo. Não digo que não faz sentido, porque sentido faz. Queriam acumular dinheiro. Independente das pessoas estarem passando fome, independente das pessoas estarem morrendo. É um assassinato que não é com arma na mão. É o que fizeram no período de pandemia. São criminosos como outro criminoso comum. Agora que que se faça justiça, que a gente venha a verificar quem de fato está diretamente responsável e a punição dos devidos envolvidos. 

O senhor cobrou uma solução para os problemas do sistema prisional do Tocantins. Como vê a situação do sistema prisional do estado? Quais as melhorias devem ser feitas?

Um fato que deve ser feito de imediato é concurso público para o sistema prisional. Hoje nós temos um déficit gigantesco dentro da polícia penal do estado do Tocantins. Há uma sobrecarga para os profissionais. O estado, ao longo dos anos, sabe da necessidade de concurso e não vem realizando concurso público.

Além disso, é necessário fazer uma revisão em relação a alguns contratos terceirizados, tanto de manutenção das unidades prisionais, como também do fornecimento de alimentação. O alimento que está sendo fornecido é questionado por parte dos servidores e detidos. O atendimento médico hospitalar também é deficiente. 

Quais são os seus planos para 2026?

Em 2026, eu busco a reeleição de deputado estadual, eu vejo a necessidade de me manter ainda aqui, no estado, presente e no dia a dia com as pessoas e também dentro de Palmas. Nós não sabemos como vai ser o futuro daqui a três anos, se de fato irei ou não disputar a prefeitura de Palmas. Mas eu não posso estar ausente da cidade. Eu não posso estar ausente do estado. Até mesmo porque eu também tenho três filhos pequenos. Tenho uma garotinha de 7 anos, tenho dois garotos gêmeos de 2 anos, e eu não quero ficar ausente da criação dos meus filhos.

Se você não se preocupa com a sua própria família, quem dirá se você vai se preocupar com a família do outro. Então, a mesma preocupação que eu tenho de presença, de fazer o melhor pelos meus filhos, é o que eu quero fazer pelas pessoas no estado inteiro. 

Em um áudio divulgado pela Polícia Federal, o senhor foi citado como um deputado que não aceita propina e nem arma esquemas. O que tem a dizer sobre isso?

Infelizmente, existem diversos institutos que foram criados para fraudar, para fazer desvio. E isso acontece dentro da Assembleia Legislativa também. Já foram diversas tentativas de pessoas, que vão ao nosso gabinete - como devem ir no gabinete dos demais deputados - oferecer esquema para devolução de recurso, de 30% a 60% de valor de emenda. 

E são esquemas que ocorrem. Não participo e cortei todos pela raiz. Imagina o que estão fazendo com os outros 24 deputados, imagina o que ocorre em Brasília, com todos os deputados federais. As emendas parlamentares devem ser direcionados para as pessoas que mais precisam, para atender a população do estado e não para fazer esquema. 

Uma pessoa que trabalha comigo e que cuida das minhas emendas, ele comentou: "Júnior, o cidadão que está aí falando, ele já tentou fazer esquema, foi lá no nosso gabinete para tentar fazer esquema e você cortou e disse: 'não participo disso, não trabalho dessa forma, não quero saber disso aqui". 

Eu não aceito esquema. Eu não aceito propina.

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