Governos petistas deram autonomia para apurar corrupção, diz presidente do PT-TO
Advogado escolhido para comandar o PT no Tocantins foi empossado no início deste mês
Por: Beatriz Pontes
11/08/2025 • 07h00 • Atualizado
Com críticas ao bolsonarismo e à lógica de mercado que precariza o trabalho e ameaça direitos sociais, o advogado e professor Nile William, de 37 anos, assumiu no último dia 3 de julho a presidência estadual do Partido dos Trabalhadores no Tocantins.
Em sintonia com a eleição nacional de Edinho Silva, que obteve cerca de 74% dos votos no pleito interno do PT, Nile promete uma gestão descentralizada, com presença ativa da legenda nas regiões do estado, foco em comunicação militante e reconstrução de vínculos com a juventude e com a classe trabalhadora.
Em entrevista exclusiva ao Manchete do Tocantins, o novo dirigente fala sobre os desafios de comandar o partido em um estado historicamente conservador, rebate as acusações de corrupção que ainda pesam sobre a imagem do PT e defende a taxação de bilionários, bancos e casas de apostas como caminho para superar as desigualdades do país.
A seguir, os principais trechos da entrevista:

Foto: Divulgação
Quais os principais planos para o fortalecimento do PT no Tocantins?
A descentralização da administração do partido, com o retorno das macro e microrregionais do PT. Bem como uma política de comunicação militante, extensiva e plural, que dialogue com todos os setores da sociedade tocantinense, além da presença efetiva da direção estadual no diálogo político com a base petista.
Como o PT tem dialogado com a juventude tocantinense?
Precisamos estimular a criatividade da juventude, ainda mais nesse contexto de assédio fascista que vivemos. Quem são os verdadeiros patriotas? Aqueles que vendem o país para salvar o pai criminoso, ou quem defende um Brasil sem fome, quem defende o SUS, quem defende a soberania nacional da Amazônia? É o PT quem defende. A juventude precisa ver que o PT é o espaço para suas pluralidades serem respeitadas.
Qual legado deseja deixar no seu mandato?
De um PT respeitado e protagonista na política do Estado do Tocantins, um porto seguro para a classe trabalhadora.
Qual o maior desafio do PT em um estado conservador como o Tocantins?
Precisamos entender o que é ser conservador. Defender a família é ser conservador? Defende a família quem defende “O Minha Casa Minha Vida”, porque nenhum pai quer seus filhos morando nas ruas. Defende a família quem defende a vacina, porque nenhum pai quer seus filhos aleijados pela paralisia infantil. Defende a família quem defende a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), porque não tem nada mais neoliberal que as plataformas de prostituição digital, pois o discurso reinante é 'abri um onlyfans porque não sou CLT'. O que a direita quer? Um livre mercado de tudo, dos corpos, da dignidade, de uma “uberização” da economia onde o pai tem que trabalhar 14 horas por dia. Como vai criar seus filhos? Precisamos desmistificar o que é ser conservador, e o que é colocar o dinheiro acima das pessoas, como quer a direita neoliberal.
O que diria para quem associa o PT à corrupção?
A ditadura não tinha corrupção, porque quem denunciava terminava no pau de arara. Só tem corrupção onde há instituições livres para investigar. E quem deu liberdade e autonomia para investigação? Os governos do PT. E essa autonomia foi tão grande, que os mesmos que sempre sugaram dos recursos do povo brasileiro, financiam pela grande mídia corporativa um assédio gigante contra a imagem do povo, mas o povo trabalhador brasileiro sabe quem o defende.
O senhor vê solução para a divisão política enfrentada no país atualmente?
Acredito que a solução é punir os criminosos que atentaram contra a democracia, regular as grandes multinacionais que manipulam os dados e as informações pelas redes sociais e realizar a taxação BBB – bets, bancos e bilionários.
Alguns políticos tocantinenses de direita classificam a prisão e as investigações contra Bolsonaro como um ataque ao Estado Democrático de Direito. Como você avalia esses desdobramentos políticos?
A justiça chegou finalmente aos poderosos, aos que acham que podem golpear o Estado e transformar a democracia como joguete de seus interesses privados. Mas, eu desafio esses políticos: vamos lá em Esperatina, Arraias, ou Goiatins, defendam ao povo o que vocês votam no Congresso, e nós do PT vamos defender o que o povo espera do governo. Esse é o debate que precisamos realizar.