Marilon defende CPIs, aponta desafios de Palmas e projeta cenário para 2026
Presidente da Câmara de Vereadores de Palmas concedeu entrevista exclusiva ao Manchete do Tocantins
Por: Rodrigo Daniel Silva
02/06/2025 • 09h30 • Atualizado
Em meio a um cenário político marcado por debates acalorados e desafios estruturais, o presidente da Câmara Municipal de Palmas, Marilon Barbosa (Republicano) assumiu seu cargo após uma eleição que não ficou imune a controvérsias, especialmente envolvendo o vereador Folha (PSDB). No entanto, conforme relata, os ânimos se acalmaram, e hoje prevalece um clima de cooperação tanto com o colega de legislatura quanto com a atual gestão municipal.
Em entrevista ao Manchete do Tocantins, o parlamentar aborda desde os avanços no transporte público - que, segundo ele, já apresenta melhorias significativas após a chegada de novos ônibus - até a possibilidade de CPIs para investigar déficits e irregularidades da gestão anterior.
Além disso, não hesita em defender pautas como a distribuição de bíblias nas escolas, reforçando sua convicção religiosa, e comenta o cenário eleitoral, tanto local quanto nacional, incluindo o futuro político de seu irmão, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos)
Com uma visão otimista sobre a união entre os poderes e a falta de uma oposição aguerrida na Câmara, o presidente traça um panorama dos principais temas que impactam Palmas, ao mesmo tempo em que revela suas preferências e estratégias para as disputas que se aproximam.
Confira a entrevista na íntegra:

Marilon Barbosa | Foto: Divulgação
O senhor assumiu a presidência da Câmara de Palmas em uma eleição marcada por uma confusão com o vereador Folha (PSDB). Como está a sua relação hoje com ele e com a oposição na Casa?
Praticamente, não tem oposição na Casa. A minha relação com o Folha está muito boa. Nós entramos em um entendimento e nosso relacionamento está excelente. Aquilo foi a vontade de ganhar e às vezes dá algum desentendimento. E não estou vendo nenhuma oposição hoje à nossa gestão.
E como está a oposição em relação ao mandato do prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos)?
Por enquanto, está tudo na paz. Eu não vejo oposição ao governo do Eduardo. Nós estamos procurando fazer o governo, juntamente com ele, ter um progresso e desenvolvimento da nossa cidade. Eu sou o presidente da Casa e tenho um bom relacionamento com o Eduardo. Eu o vejo muito comprometido com o bem-estar da nossa capital.
Nós estamos trabalhando pela melhoria da qualidade de vida do cidadão palmense. Então, aquilo que é bom para o nosso município, para a nossa cidade, para o povo palmense, nós estamos prontos para abraçar, junto com o prefeito, todas as demandas, tanto do bom como do ruim. Estamos juntos nessa caminhada para fazer o melhor.
Eu não vejo oposição na Câmara também. Aquela oposição que realmente dá perrengue ali, porque o Eduardo está muito aberto, muito transparente. O único que eu vejo (fazendo oposição), e que hoje está bem mais flexível, é o Doutor Vinícius. Mas ele também tem procurado fazer o que é de melhor para a nossa cidade, apresentando bons projetos de lei e bons requerimentos. A prefeitura tem respondido aos requerimentos, tem respondido os projetos de lei. Então, por enquanto, está tudo bem.
Palmas enfrenta desafios com relação ao transporte público. Inclusive, já começou a valer a nova tarifa de ônibus. O que é preciso ser feito para avançar nessa área?
Na gestão passada, estava caótica (a situação), muito ruim. E eu não entendi por que, quando terminou a concessão da Miracema, com o Toninho, a prefeitura entrou nessa embarcada, porque isso tirou realmente o conforto do cidadão. Palmas é uma das cidades que tem ônibus de primeira qualidade. E a gestão passada pegou e tirou isso. Pegou a responsabilidade para si. Eu não entendi o porquê disso e aí entrou com ônibus sucateado, ônibus que deixavam o pessoal na mão.
Eu vejo muitas pessoas, conheço muitas pessoas, que perderam emprego porque não conseguiam chegar a tempo do trabalho. O transporte público não é fácil de se mexer. Ele tem que ter um projeto, tem que ter um planejamento, para poder ter o controle de uma situação, para depois ter as ações. E foi feito muito bruscamente na gestão passada.
Agora, com a entrada do prefeito Eduardo, ele primeiramente fez um pequeno estudo, comprou 104 ônibus novos e colocou na praça. E agora melhorou bastante o transporte público. Já vejo o pessoal elogiar bastante já nessa área, devido a ser ônibus novos, com mais conforto, que chegam no horário. Isso que é importante. Então assim, eu vejo que esse problema não está sendo solucionado 100%, mas com certeza absoluta está bem melhor do que era.
O vereador Amastha (PSB) até chegou a defender uma CPI para investigar a situação do transporte público. É necessário?
Na minha opinião, é necessário. Seria necessária uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mas quem manda é a maioria. Eu não sei porquê foi retirada (a solicitação) dessa Comissão Parlamentar de Inquérito com relação à gestão passada.
Ele também defendeu uma CPI para investigar os R$ 300 milhões de déficit que a ex-prefeita Cinthia Ribeiro deixou. O que pensa?
Também (precisa investigar). Tem que saber para onde foi o dinheiro. Com certeza.
Hoje não tem maioria na Câmara para essas duas investigações?
Se tiver força de vontade dos próprios vereadores, que eu acredito que realmente, você pode ter certeza que tem maioria. Eu acho que vai para frente, mas eu quero me resguardar disso.
O Ministério Público do Tocantins identificou que quase um terço das famílias atendidas em Palmas enfrenta insegurança alimentar. O MP solicitou uma atuação mais firme da Câmara Municipal nesta questão. Já houve alguma discussão sobre esse tema?
Ainda não houve uma discussão sobre isso. Nós estamos até aguardando, mas ainda não entrei nesse debate. Até preciso me aprofundar mais e dar uma olhada, mas eu realmente não estou discutindo ainda. A Câmara não discutiu ainda sobre isso.
O senhor apoia esse projeto de distribuição da bíblia nas escolas?
Sim. A palavra de Deus é quem nos sustenta. Então, assim, eu sou favorável à distribuição da bíblia para conscientizar a criança que existe um Deus, um Deus soberano, um Deus que nos dá vida, que cura, que liberta. É um Deus que nos orienta, é um Deus da sabedoria. Então, estou plenamente de acordo com a distribuição da bíblia nas escolas.
O senhor é a favor que o governador Wanderlei Barbosa - seu irmão - conclua o mandato?
Eu tenho conversado com ele, ele pretende terminar o mandato. Então, eu acho importante ele terminar o mandato, porque geralmente quase todos os governadores que passaram renunciaram para disputar algum cargo. Eu acredito que ele vai permanecer.
Como pretende se posicionar na eleição do próximo ano?
Eu estou inabilitado para qualquer cargo do Executivo. Eu não tenho como disputar. Mas também, se caso ele renunciasse, eu não entraria sem debater com ele. Eu não pretendo sair, por exemplo, candidato a deputado estadual para atrapalhar meu sobrinho. Eu vou apoiar o Léo Barbosa para deputado estadual. Aí tem também o meu genro, que tem a possibilidade de sair candidato a deputado federal, Atos Gomes. Ele é o secretário de Esporte e Juventude. Então, para eu sair (candidato), tem que ser um entendimento muito grande de todos. Mas eu acredito que o Wanderlei vai terminar o mandato dele.
Qual o melhor nome para sucedê-lo?
Hoje, eu vejo o nome do Amélio Cayres muito bom. Vejo o nome da Dorinha também muito bom. O próprio Eduardo Gomes, se quisesse uma disputa dessa, também seria muito bom. O grupo que for decidido, eu estarei apoiando. Não sei bem quem Wanderlei vai apoiar. Mas o que o Wanderlei apoiar, eu estou abraçando junto com ele.
Existe a possibilidade de federação entre o Republicanos e o MDB. Como vê essa possível federação? Vai ter impacto na política tocantinense?
Terá. Terá um impacto muito grande. Eu não faria isso, mas quem decide são os homens. O Republicanos é um partido grande. Ele é independente de qualquer coisa e mesmo, sem essa união, eu tenho certeza que cresce. Não precisa disso.
Sairá do partido, se houver a federação?
Não, eu só sairia do partido se o grupo saísse. Se o comandante saísse, que é o Wanderlei. Se ele saísse, eu sairia. Se ele não saísse, eu não sairia. Eu ficaria.
E na eleição presidencial, como é que avalia essa disputa?
Eu acredito que hoje Bolsonaro venceria as eleições. E acredito que até o Tarcísio (Gomes, governador de São Paulo), tem o (Romeu) Zema lá de Minas Gerais, tem o (Ronaldo) Caiado (governador de Goiás), são pessoas realmente bem alicerçadas, pessoas de princípio. Não estou dizendo que o Lula não é de princípio. Até vejo o Lula, um grande político, muito articulado, muito receptivo, mas em termos de princípios, eu ficaria com a direita. E eu acredito que, se o Bolsonaro sair candidato, será um candidato fortíssimo aí para as próximas eleições.
Qualquer um desses nomes - Zema, Tarcísio e Caiado - venceria Lula em 2026?
Eu acredito que vence. Qualquer um. Tanto Tarcísio, como o Zema, o Caiado, o Bolsonaro, a Michelle (Bolsonaro), são candidatos fortíssimos aí. E eu acredito que hoje, no uso das circunstâncias que está hoje, venceria as eleições.