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Projeto que desobriga formação em autoescolas divide opiniões no Tocantins

Proposta abre espaço para maior acessibilidade a Carteira Nacional de Habilitação (CNH)

Por: Mavi Oliveira

07/08/202517h20Atualizado

A proposta que permite a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sem a obrigatoriedade de aulas em autoescolas segue em análise pelo governo federal. O modelo, inspirado em países como Estados Unidos e Canadá, abre espaço para a preparação autodidata dos candidatos, o que, segundo defensores, amplia o acesso ao documento. Mas o tema divide opiniões e coloca em lados opostos quem defende mais autonomia e quem alerta para os riscos à formação dos condutores.

A discussão ganhou força na última semana, após declaração do ministro dos Transportes, Renan Filho, sobre o interesse em estudar o projeto. Dados da pesquisa Perfil do Condutor Brasileiro, realizada pelo Instituto Nexus, apontam que 20 milhões de pessoas dirigem sem habilitação no país. Entre elas, 32% dizem não ter se regularizado por causa dos custos envolvidos.

Atualmente, o processo para tirar a CNH exige que o candidato tenha mais de 18 anos, saiba ler e escrever, cumpra 45 horas de aulas teóricas e seja aprovado nos exames escrito e prático. O valor da habilitação varia entre R$ 1.950,40 e R$ 4.951,35, dependendo do estado.

Foto: Antonio Cruz | Agência Brasil

Foto: Antonio Cruz | Agência Brasil


Autoescolas criticam proposta e defendem ensino de trânsito nas escolas

Diretora da Autoescola Supervia, em Palmas (TO), Nárryma Ribeiro Máximo classifica a proposta como "descabida". Para ela, a ausência de orientação formal coloca em risco a formação dos motoristas. "Se considerarmos que, hoje, muitos pais não conseguem exercer sua função plenamente, quem dirá formar bons condutores", afirmou.

Ela defende que o Estado busque soluções para reduzir o custo das aulas, em vez de eliminar sua obrigatoriedade. "Essa medida desonra a nossa profissão. O ideal seria tornar o trânsito uma disciplina nas escolas, para formar cidadãos mais conscientes desde cedo", completa.

Para quem enfrenta a burocracia, medida traz esperança

Já para quem está do outro lado do balcão, a proposta representa alívio. O vendedor ambulante Wanderson Pereira Neves, 62 anos, acredita que a medida pode corrigir uma injustiça social. Dono de um carro usado, ele relata ter enfrentado dificuldades financeiras para conseguir a CNH e só obteve o documento com ajuda de familiares e amigos.

"É muito caro para quem vive do pouco que ganha. As aulas não me ajudaram tanto assim. Eu já sabia dirigir. Acho que o processo deveria ser mais simples", afirma.

Com opiniões polarizadas, o projeto ainda não tem previsão de encaminhamento ao Congresso. A discussão, no entanto, já mobiliza setores como o de educação no trânsito, sindicatos de autoescolas e especialistas em mobilidade urbana, que alertam para a necessidade de garantir segurança viária mesmo em propostas que ampliem o acesso à habilitação.

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