Agenda de coronel do 'Comando 4' tinha anotações sobre Pacheco, Moraes e Zanin
A caderneta pertence ao coronel reformado do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas
Por: Rayssa Motta e Fausto Macedo/Estadão Conteúdo
31/05/2025 • 11h30
Além de celulares e computadores, uma agenda manuscrita foi essencial para a Polícia Federal avançar na investigação sobre o grupo de extermínio autodenominado Comando 4 (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos)
Em meio a anotações ordinárias, que incluíam até mensagens religiosas devocionais, os policiais encontraram registros sobre reuniões, "missões" e "festas" - senhas que, segundo os investigadores, eram usadas para se referir às execuções.
Foi nessa agenda que a PF encontrou menções ao senador Rodrigo Pacheco (PSD-MR), ex-presidente do Senado, e aos ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ministro do STF, Alexandre de Moraes | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom | Agência Brasil
A caderneta pertence ao coronel reformado do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas, preso nesta quarta-feira (28), durante nova etapa da Operação Sisamnes - juiz corrupto, segundo a mitologia persa -, por suspeita de fazer parte do Comando 4.
O nome de Rodrigo Pacheco aparece próximo aos termos "vigilância armada" e "guarda armada". Em nota, o senador classificou como "fato estarrecedor" o seu suposto monitoramento pelo grupo.
Já os nomes de Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin constam logo abaixo do termo "LIVE". Caçadini é dono da comunidade Frente Ampla Patriótica, criada após o 8 de Janeiro. Além de grupos no WhatsApp, há um canal no YouTube para, segundo ele, reunir "patriotas e conservadores do Brasil". O coronel publicou 101 vídeos na plataforma desde então e defendeu abertamente ideias golpistas.
Os advogados Sarah Quinetti e Ronaldo Lara, que representam o coronel, disseram que ele é inocente.
Ao decretar a prisão preventiva de cinco suspeitos de envolvimento com o grupo, o ministro Cristiano Zanin alertou para o "potencial bastante pernicioso" da organização.
Segundo o ministro, o grupo demonstrou capacidade de identificação, monitoramento de alvos, agenciamento de pessoal e estrutura operacional, inclusive financeira, "a denotar elevado potencial de letalidade".